Álcool – eterna esperança

Data da publicação: 26/06/2007

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A revenda e distribuição de combustíveis tem sido nas últimas semanas o alvo preferencial da midia, com destaque em diversos veículos de comunicação, invariavelmente e por falta de notícias boas, as matérias sempre ressaltam os aspectos negativos de nosso segmento, ou seja, a sonegação e a adulteração, o que é extremamente positivo pois chama atenção para problemas antigos e recorrentes.

A bola da vez na imprensa agora é o álcool, porém não da forma que gostaríamos que o assunto fosse abordado, ou seja, com ênfase nos malefícios do mercado clandestino, pelo contrário, a questão enfatizada pela imprensa no momento tem sido a percepção que os preços de bomba não estão caindo na mesma proporção que a queda dos preços nas usinas. Essa informação, amplamente divulgada, além de não abordar a questão de forma mais abrangente, tem como objetivo causar uma falsa impressão de que está havendo um aumento artificial de margens na revenda e na distribuição, assim como, o que atende os interesses dos usineiros, acelerar a queda do preço nas bombas para que o consumo aumente, reequilibrando a relação oferta x demanda e possibilitando que as usinas recuperem seus preços, que encontram-se em queda desde o início da safra no centro-sul.

É fato que os preços caíram, isto acontece todos os anos no início da safra, porém as distribuidoras possuem estoques comprados com preços anteriores à queda, logo, se venderem ao preço mais baixo do momento terão que realizar um enorme prejuizo, isso sem contar que as margens das distribuidoras têm sido negativas no mercado de álcool, particularmente em SP. Num levantamento feito pelo Sindicom, em apenas 9, das últimas 52 semanas (um ano), as margens teóricas das distribuidoras estiveram acima de Zero! ou seja, em 80% do ano, a margem média da distribuidora que recolhe tributos foi negativa em SP, as distribuidoras estão pagando para conseguir preservar market-share e impedir que outras distribuidoras vendam em seus postos.

Os preços vão cair nas bombas nas próximas semanas porém não na proporção que se aguarda, pois as fraudes (sonegação) criaram falsos patamares referenciais de preços. A repressão às fraudes, principalmente em SP, vem surtindo efeito: Codif (Sefaz), Prefeitura, ANP (Resol. 07/07), denúncias na TV etc. A comparação de preços e margens de abril para junho, não pode desconsiderar o saneamento que vem ocorrendo no setor, infelizmente já vimos esse filme no passado e ainda não se pode garantir que a atual redução das fraudes seja definitiva. Outro ponto importante a ser enfatizado é que essa queda será transitória, pois, uma vez que o consumo aumente e entrando em vigor o aumento do % do anidro na gasolina de 23 para 25 % os preços tenderão a aumentar novamente.

Vou mencionar alguns números para que todos tenham ideia do desequilíbrio que existe no segmento no tocante ao álcool, e portanto, o quão complicado é fazer avaliações superficiais ou tirar conclusões precipitadas :

Outro aspecto interessante é que o alto grau de informalidade no mercado de Álcool Hidratado é incompatível com a posição do Brasil como Competidor Global no Etanol, como queremos nos posicionar como player mundial do produto ou como exemplo a ser seguido em outros países se não conseguimos organizar nossa casa ? somos os mais competitivos do mundo na produção do produto, possuimos a maior infra-estrutura de distribuição do mundo pois 90 % dos mais de 34.000 postos comercializam álcool, ou seja, já deveríamos ter resolvido essas questões há muito tempo. Os problemas são conhecidos e as soluções também, falta foco, atenção, comando e disciplina para curarmos uma das últimas doenças que afligem nosso segmento, bem … pelo que estamos demorando para resolver a questão do apagão aéreo até que não está tão ruim assim …

O baixo preço do álcool nas bombas de meses atrás, tão benéfico ao consumidor e tão ao gosto da midia, esconde inúmeras mazelas, tais como: sonegação, adulteração, formação de máfias, crime organizado e outras aberrações. Nós que comercializamos nossos produtos de forma correta, garantindo a qualidade e pagando todos os impostos não podemos aceitar passivamente a divulgação de informações inverídicas ou incompletas. Se não fosse a perseverança das Distribuidoras sérias o consumidor brasileiro já teria ficado desabastecido do produto há muitos anos pois a realidade recente é que Distribuidoras que pagam impostos não vêm tendo remuneração adequada na venda de álcool há muito tempo, a verdade é que estamos fartos de termos nossos tanques e nossas bombas instaladas nos postos sendo utilizadas por contraventores, estamos fartos de termos que justificar a baixa qualidade de produtos que não são comercializados por nós, está na hora de se moralizar esse segmento de uma vez por todas e de se dar retorno ao capital de quem investe e de quem corre riscos, como acontece em qualquer país que almeja ser de 1o. mundo.

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