1a. Trilha em BH

Data da publicação: 17/03/2008

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Tudo começou numa festa de aniversário na casa do Cazé, revendedor ALE em BH. Fui apresentado ao Leopoldo, cunhado do Cazé, que conversava animadamente com Eduardo Assumpção sobre motos. Todos vocês sabem que Duda é apaixonado por motos fazendo com que a conversa rolasse solta. Num dado momento, Leopoldo nos convidou para fazer uma trilha nas redondezas de BH, disse que seria na verdade um passeio para curtirmos a natureza e para no final tomarmos um cerveja gelada no bar do Marcinho. Fiquei animado com o convite, porém disse que infelizmente não poderia ir pois não tinha um moto. O Leopoldo disse que não era problema pois conseguiria uma emprestada para mim, foi ai que Duda se animou e disse : vou também !! vou com minha Suzuki DR 800 !!

Após algumas semanas marcamos o passeio para um sábado, nos encontramos todos no Belvedere para seguirmos para a trilha, foi aí que começou a presepada ….

Eu e Eduardo chegamos vestidos como quem vai para um passeio no bosque … calça jeans, eu de tênis e Eduardo de bota cano curto, jaqueta de couro, ou seja, preparados para qualquer coisa menos para fazer uma trilha … ao nos ver o Leopoldo não se conteve e desatou a rir : é assim que vocês vão fazer uma trilha ? não me perguntem como, só sei que ele conseguiu arrumar uma bota para mim (apertadíssima por sinal) e alguns equipamentos de segurança. Foi desse jeito, de forma meio improvisada, que fomos os três fazer a trilha da speedway … segundo Leopoldo nos disse, uma trilha leve, curta e tranquila, em pouco tempo estaríamos no bar do Marcinho tomando uma cerveja. Não podemos nos queixar de falta de aviso pois João Roela, o mecânico que cuida das motos de 60 % dos trilheiros de BH olhou para a DR 800 e disse :

– Vocês vão fazer a trilha com essa moto aí ?? andou chovendo esses dias e a speedway está mais esburucada que o normal …

Leopoldo retrucou :

– que nada ! dá para passar ! vamos embora !

Sentei numa moto Tornado que o Leopoldo pegou emprestado de um amigo e pegamos estrada. Antes de eu continuar eu preciso explicar uma coisa. A Suzuki DR 800 é uma moto fantástica, porém é feita para o asfalto ou para estradas de terra sem obstáculos, é uma moto de mais de 210 kg, extremamente pesada e de baixa manobrabilidade para uma trilha, ou seja, coisa boa não vinha por ai …

Após passarmos pelos condomínios de Nova Lima e pegarmos uma pequeno trecho de uma estrada de barro perfeitamente trafegável, chegamos de fato ao início da trilha da speedway, pessoal … pense numa barca furada … tratava-se de uma baita de uma subida, cheia de erosões e buracos , com 03 tubulações a serem transpostas a cada 100 mts, resumindo … era para termos voltado dali mesmo … volta numa volta, fica não fica, resolvemos após insistência do Leopoldo seguir em frente.

Os primeiros metros foram complicados mas todos conseguiram passar, o problema foi passar pela primeira tubulação. A passagem era de dificuldade baixa para qualquer trilheiro com uma moto apropriada, porém para marinheiros de primeira viagem e com uma DR 800 a tarefa era um enorme desafio. Resumo da ópera, não conseguimos passar, o Leopoldo que é muito experiente em trilhas foi quem conseguiu levar as duas motos adiante.

Mais subida, mais buracos e chegamos na 2a. tubulação a ser transposta, nessa nem o Leopoldo deu solução. Tivemos que passar a DR carregando no braço , 03 pessoas cansadas, debaixo de um sol de lascar tendo que carregar 200 kg ladeira acima … pensem num suplício … se não fosse a ajuda de um grupo de 5 pessoas que passavam a pé fazendo uma caminhada acho que estaríamos lá até hoje … mais ladeira, mais buracos, mais uma tubulação a ser transposta, outro sacrifício … Duda em seu casaco de couro debaixo do sol a pino  suando igual uma chaleira fervendo … para completar esquecemos de levar água, só não era mais engraçado porquê a situação era desesperadora …

Depois de uma decida cheia de erosões chegamos numa pista mais regular perto de uma represa, todos nósimaginamos que o sofrimento tinha acabado, que o passeio iria de fato começar, ledo engano … numa decida, não sei como, a DR 800 morreu o motor e não conseguia mais pegar, para completar de tanto tentar ligá-la Duda descarregou a bateria da moto , ou seja , todo mundo morto de cansado e com sede teve que empurrar a moto ladeira acima para tentar fazê-la pegar no tranco. Depois de várias tentativas e de vários metros de empurra daqui e empurra para lá conseguimos fazer a moto pegar.

Pronto, acabou o sofrimento … fomos todos diretos para o Bar do Marcinho, sujos, suados, cansados, verdadeiros maltrapilhos … sentamos e tomamos aquela cerveja gelada, e comemos o PF mais gostoso que experimentei na minha vida (a fome era de matar !!). Agora era só descansar e voltar para casa ! peraí !! eu disse voltar para casa ? mas como ? a única opção era voltar pela mesma trilha que viemos ! passar por tudo aquilo de novo ? e ainda por cima já escurecendo ? nem pensar !!

Depois de muita conversa decidimos voltar pela estrada, ninguém queria se arriscar de passar aquele aperreio de novo. Decisão tomada seguimos para pegar a BR , o que significava que em mais 20 minutos estaríamos em casa, ledo engano … ao fazer a curva da pista que sái de Macacos para pegar a BR nos deparamos com uma blitz da Policia Rodoviária Federal … explico a vocês : As motos de trilha não são adequadas para circularem no trânsito, não possuem retorvisor, buzina, luz de freio e outros ítens obrigatórios, para completar (a exceção de Eduardo), todos estavam sem os documentos das motos, resumo da ópera … todas as motos foram retidas e tivemos que voltar de carona para casa …

Como podem ver foi uma experiência traumatizante … tão traumatizante que me apaixonei pelo esporte, principalmente pelo forte companheirismo entre as pessoas que o praticam. Sempre que nos reunimos damos boas risadas sobre o ocorrido e só lamentamos as pesadas multas que tivemos que pagar para que as motos fossem liberadas. Quanto as dificuldades da speedway, hoje acho brincadeira de criança em frente das outras roubadas que essa turma já me colocou, mas aí já são outras histórias.

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