As pelejas de Ojuara

Data da publicação: 09/12/2007

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Acabei de ler o livro de Nei Leandro de Castro que inspirou o filme O HOMEM QUE DESAFIOU O DIABO, que passou recentemente nos cinemas. Não assisti o filme com Marcos Palmeiras e Flávia Alessandra, se conseguiram ser fiéis ao livro deve ser muito bom. Assim que sair em vídeo vou assistir.

O livro é um barato ! retrata fielmente a cultura do interior do Nordeste, os termos utilizados são engraçadíssimos, e imagino que quem não está familiarizado com o linguajar da região deve ter muita dificuldade de entender certas passagens. O livro conta a história de um caboclo chamada Ojuara, segundo a lenda o homem mais brabo e valente que já andou pelo Rio Grande do Norte. Ojuara nada mais é que Araújo escrito de trás para frente, depois de ler o livro é que entendi por quê minha mulher é tão braba, o sobrenome dela é Araújo …

Uma das passagens mais engraçadas do livro é quando ele descreve uma personagem chamada Pentanha. Para enaltecer o mesmo e mostrar que era capaz de tudo, o autor usa dezenas de ditados populares. Fiquei pensando que é mais ou menos o que um executivo tem que ser nos dias de hoje para sobreviver nesse mercado cada vez mais competitivo e com a exigência de resultados cada vez melhores e em menores prazos. Vejam só, Pentanha quando menino :

” … atirou no que viu, matou o que não viu, foi fazer um giro, fez um girau,jogou verde, colheu maduro, ensinou padre-nosso a vigário, foi aos cajús, voltou com as castanhas, arranjou sarna para se coçar, meteu a mão em cumbuca, brincou com fogo e mijou na rede, aprendeu com quantos paus se faz uma canoa, choveu no molhado, malhou em ferro frio, meteu o nariz onde não foi chamado, cagou na gaiola e esperou que a merda cantasse, cuspiu no prato que comeu, disse dessa água não beberei, jogou água fria em gato escaldado, botou o carro adiante dos bois, foi com muita sede ao pote, caçou na mata de onde menos esperava sair coelhos, lavou roupa suja em casa, falou de corda em casa de enforcado, deu murro em ponta de faca, meteu os pés pelas mão, bateu fofo, peidou na linha, encangou grilo, trocou as bolas, bolou as trocas, bateu prego sem estopa, muito se abaixo até a bunda aparecer, desdenhou para comprar, comprou gato por lebre, olhou dentes de cavalo dado, semeou ventos, colheu tempestade, pegou uma pomba na mão e deixou duas voando, viu o que era bom para tosse, conheceu um gigante  pelo dedo do pé, botou a boca no trombone, mordei e assoprou, voltou a vaca fria, conversou pra boi dormir, não deu conta do recado, quis abraçar o mundo com as pernas, pagou promessa de areia, bateu com a cara na porta, usou as pernas pra que te quero, confundiu alhos com bugalhos, fez negócio da China, perdeu o latim, chupou cana e assoviou, matou dois coelhos com uma cajadada só, levou costume de casa à praça, de grão em grão encheu o papo da galinha, cobriu um santo, descobriu outro, chorou sobre o leite derramado, deu nó em pingo dágua, viu a ocasião fazer o ladrão, brincou com cada macaco no seu galho, achou que pimenta no dos outros é refresco, ouviu cabrito bom berrar, fez tempestade em copo dágua, encontrou bunda de bêbado sem dono, botou areia em saco furado, tapou o sol com a peneira, deu capim novo a cavalo velho, teve um dia de caça, e outro de caçador, viu cara e não viu coração, não perdeu por esperar, preferiu estar só que mal acompanhado, deu e voltou a tomar, virou cacunda para o mar, matou cachorro a grito, junto a fome com a vontade de comer, puxou brasa para sua sardinha.”

Ufa … igual a Pentanha só meu amigo Astênio ! que por sinal é Araújo também !

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