Receber a notícia de um diagnóstico de câncer na família não é fácil. Por muitos anos ele foi um mal difícil de se combater e, saber que alguém próximo tinha a doença, era uma grande dor. Hoje a ciência reverteu esse quadro, oferecendo alternativas de diagnóstico precoce e tratamento eficaz. Mas, ainda assim, para quem precisa enfrentá-lo, é um luta dura, e a presença dos amigos e familiares é muito importante.

Como explica Alexandra Paiva, psicoterapeuta sistêmica especializada em famílias e casais, é importante que a família encare o diagnóstico de maneira franca e unida. “No início é comum a família passar por uma fragmentação, onde seleciona os mais fortes, que podem saber da notícia, e os mais fracos, geralmente idosos e crianças, que são poupados, formando-se um segredo. Mas, o que inicialmente é para proteger a família, com o tempo se torna um problema maior, já que ninguém pode falar de seus sentimentos.”

Outro desafio do tratamento contra o câncer é o seu impacto na autoestima do paciente. Em alguns casos do câncer de mama, por exemplo, as mulheres precisam lidar com estigmas da queda de cabelos ou da retirada do seio, o que pode abalar seu sentimento de feminilidade e confiança. Nesses momentos é muito importante a presença e o incentivo de todos. O tratamento diferenciado ou o sentimento de pena podem fragilizar ainda mais a saúde.

Alexandra alerta também para a importância de toda a família se comprometer com essa nova realidade e manter-se unida. Em alguns casos, buscar o auxílio profissional por meio de grupos de apoio ou psicoterapia pode ajudar a enfrentar este momento. “Cada membro da família lida de uma forma diferente com a dor: os filhos, por exemplo, podem demonstrar irritabilidade, o cônjuge manifesta um estado de negação da realidade, e até o próprio paciente esconde o que sente, para não se tornar um peso. O psicólogo tem a função de dar o tratamento diferenciado a cada um e fazer essa mudança na convivência.”

Carinho que cura

O poder da presença e do diálogo podem auxiliar na segurança do paciente, reforçando que ela não está sozinha e que vai vencer essa luta, e também podem impactar diretamente no sistema imunológico e no próprio tratamento. Um estudo da Carnegie Mellon University, na Pensilvânia, apontou que um abraço sincero tem o poder de fazer o cérebro liberar oxitocina, um hormônio que proporciona benefícios reais à saúde física e mental, ajudando, por exemplo, a relaxar e controlar medos e ansiedades.

Aqueles que estiveram em maior contato com amigos e familiares também apresentaram maiores quantidades de endorfinas – as mesmas substâncias químicas liberadas após um bom exercício físico, por exemplo, e que também contribuem para o bem-estar do indivíduo. Esses participantes apresentaram menor risco de contrair um resfriado quando expostos a um vírus.

Por isso, além de visitar regularmente o seu médico e realizar os exames de rotina, não se esqueça de manter a agenda cheia. Reúna a família para um jantar ou lembre do amigo que está fazendo aniversário, faz bem para você e para quem você ama.